O Sofrimento de Nascer
生れ出 づる悩み

    
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4章

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   Em Tokyo também já tinha passado o inverno e estávamos na época de flores de camélia. A terra estava absorvendo luzes benevolentes emitidos pelo sol.
    Mas, nessa época, a água do porto de Iwanai que você trabalha ainda não deve estar turvo com a água dos rios que trazem águas derretidas de degelo das montanhas e campos.
    A água do mar gélida que parece que derreteu o aço na água ainda devem estar levantando as ondas e batendo nas encostas.


押し寄せる荒波 Ondas bravas batendo na encosta
押し寄せる荒波の画像


    Entretanto, mesmo assim, o vendedor de peixe dourado já deve estar andando nas ruas ainda cobertas de neve, gritando alto para vender os peixes dourados, isso é como se chamasse a primavera. E a praia também já deve estar cheio de pescadores que vieram das regiões de Tsugaru e Akita, como as aves migrantes que chegam, e estão consertando redes de pesca de arenque de pacífico(鰊)ou estão instalando enormes panelas para cozinhar arenques(*1). Os casacos e os protetores de mãos e canelas de cores vivas que eles usam deve deixar a praia bem colorida.
    Esse tempo para cá, de novo eu estou lembrando de você.
    Fico imaginando o seu cotidiano atarefado mas cheia de ânimo que você me contou. Você surge no mundo da minha imaginação e me mostra como você está vivendo.
    Para um artista, pode-se dizer que não há distinção entre sonho (imaginação) e realidade. Um artista, pode estar vendo a realidade e estar dormindo, ou então, pode estar sonhando com os olhos abertos.
    Será que você se negaria de eu projetar a sua imagem aqui? Eu quero experimentar se possuo algum poder de compartilhar a sensação com a cabeça de raciocíno lento que tenho. Bem, vou decidir sozinho que você permitiria isso.
    Toda vez que lembro de você, o que eu imagino imediatamente é o rigoroso inverno de Hokkaido.

 (*1) Cozinhar arenque: Antigamente, os arenques também eram utilizados na lavoura como fertilizante nas lavouras. Para saber mais, clique aqui.


    昔の金魚売り Vendedor de peixe dourado
   金魚売り画像

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第5章画像

      A longa noite de inverno ainda não amanheceu e o céu continua ainda escuro.
O quebra mar que se estende a partir de um local oposto da localização do Monte Raiden (雷電山) parece um cadáver preto de cobra gigante, e os dentes brancos das ondas atacamvam ininterruptamente o quebra mar.

Quebra mar do Porto de Iwanai e as ondas 岩内港の防波堤    
岩内港の防波堤画像

     Quase uma 100 barcos de pesca amarrados no píer, estavam com suas proas voltadas para o mar, amarrados um ao outro com as cordas e estavam balançando os mastros coforme as ondas do mar.
     Os pescadores estão se reunindo no porto, cada um trazendo materiais para pesca e marmitas. Eles não falam muito, estão atentos com o sinalizador de tempo da cooperativa dos pescadores que fica no quebra mar. O sinalizador de tempo está mostrando luzes branca e vermelha que significa PERIGOSO.
    Para sair para pescar, precisa os barcos devem sair antes da primeira cantada do galo. A cidade ainda está dormindo, não se vê nenhuma luz acesa. A nuvem congelante está bem baixa e cobrindo todo o céu como um véu e se desloca rapidamente para a direção do alto mar.
    A costa litoânea está tudo coberta de neve, exceto onde as ondas brancas batem. E o vento – agressivo e gélido que parece que leva embora todo ar que tem – varre as montanhas pretas, sopra os pescadores, sopra o mar e passa uivando em direção a vão entre o céu e o mar.
    Ouviu-se choro dos bebes nas costas das mulheres que estavam reunidas à pouca distancia dos pescadores. São esposas dos pescadores. Depois de um tempo, os choros param e de novo o silencio provocado por uivos altos do vento toma conta de tudo.

    
岩内港の防波堤と冬の海 Quebra-Mar do Porto de Iwanai e Mar de Inverno
   岩内港の防波堤と冬の海画像


    Passado umas 2 horas, no meio da escuridão que não enxergava nada, surgiu o pico do Monte Iou (硫黄山) – de ombro direito alto e ombro oposto baixo – no meio do céu, como se nascesse do nuvem, ou melhor, expelido. O solo ainda estava adormecido, mas o céu já estava absolvendo a luz do alvorecer.
    No cais havia quatro ou cinco navios guia – são barcos maiores que são tripulados por pescadores veteranos que guiam os barcos de pesca para pesca de arenque do pacífico – e os  líderes dos navios guia se reuniram e começaram discutir.
    No céu começa a escutar grasnar barulhenta dos corvos. Os grupos de pescadores e mulheres ficam animadas, começam a conversar. Parece que se livraram do silêncio que até então permaneceram.
    - Vamos sair para pescar!
    No meio da balbúrdia dos pescadores e mulheres, o anúncio do velho líder de pesca ecoou.
Os pescadores, cada um começa ir para suas posições determinadas, as mulheres também correm atrás para auxiliar seus maridos, seus irmãos ou até mesmo seus namorados.
 Vários pescadores entraram no mar até a profundidade do joelho e puseram as mãos na popa dos barcos - que até agora pouco balançava parados conforme as ondas – para empurrar e sair para a pesca.
     Depois dos gritos fortes dos pescadores, cada barco foi saindo do cais balançando para direita e esquerda, cortando as ondas bravas da praia. À essa altura, os pescadores já haviam subido no barco, tão ágil como macacos. Eles controlam com o bambu longo, o barco que tende a virar sua proa para a praia, fincando bambu no fundo do mar. E assim, centena de barcos vão zarpando da praia em busca de arenque do pacífico.
    A agitação das pessoas na hora de saída dos barcos de pesca, com certeza fará com que as pessoas lembrem da música sinfônica que termina com allegro
(*2) .
    No meio dos agitos dos nuvens e das ondas do mar que parece burburinho dos espectadores, surge os movimentos dos pescadores de largo e pianissimo, que no início é tão fraca que parece que os barulhos alto do ambiente dominam tudo, mas a cada segundo que passa, seu movimento vai se tornando progressivamente mais apaixonante, ganhando a força e espírito, os barcos seguem cortando as ondas e rumam ao alto mar, com ritmo cada vez mais acerelado e vigoroso – que faz-se lembrar de allegro molto, tocado por instrumentista habilidoso.  Pode-se dizer que, onde as pessoas trabalham com uma certa tensão, nasce uma música.

 (*2) Alegro ou Allegro: "Alegre" em italiano, é um andamento musical leve e ligeiro).

Arenque do Pacífico ニシン
ニシンの画像

     O barco se transformou em um bichos ágil.
Das bordas esticavam-se os remos que pareciam os pés de centopeia, o leme da popa parecia aleta de cauda da baleia, e com os gritos de animação dos pescadores, aquele típico de região norte - que tem tom meio triste - os barcos vão avançando resistindo as ondas escuras que atacam os barcos e vão se distanciando do litoral.
    Visto de barco, as mulheres que estavam na praia pareciam pequenas pedras pretas.  Os pescadores – alguns remando, outros ajustando as velas, outros tirando água do fundo do barco – olham alternados para mulheres que deixaram na praia e o rastros de fogo sinalizador de carvão mineral que queima na popa do barco-guia que estão na sua frente.
    Os tripulantes do barco-guia prendem o carvão mineral aceso com hibashi (tipo de pinça de ferro comprido para manusear carvão quente) e levantava para cima. Aí, o vento fazia o carvão queimar mais, soltando monte de faíscas que parecia calda de fogo.
    Todos os barcos de pesca eram obrigados a seguir esse fogo sinalizador o tempo todo. Eles sabiam que, quando o barco guia sinaliza com um fogo só, significa que o tempo irá piorar e então, tinham que desistir da pesca. Mas quando é levantado dois fogos, era sinal que o mar está seguro e tinham que continuar navegando.
 
   
No meio do escuridão antes de amanhecer, o fogo sinalizador soltava faíscas azuis entre os som dos ventos e das ondas do mar. É o fogo que pode decidir o destino de centenas de pescadores. A calda da faísca, que carrega os destinos dos homens do mar arrastava-se bem longa sobre as ondas.
    Logo, aparecem várias gaivotas com suas asas brancas e alcançam os barcos. Essas gaivotas que miam que nem gatos domésticos, poderia dizer que são nômades do mar, descem rapidamente até as ondas do mar e voam em razante. Voam tão baixo que parece que os seus corpos encostam na água, mas logo em seguida vira suas asas e voam altos. Depois ficam algum tempo parados no ar, resistindo ao vento mas depois deixam os ventos carregassem.
    Quando as asas das gaivotas começam a enxergar mais claras, está chegando o amanhecer. Até que em fim, a longa noite da Terra do Norte está terminando.
    A escuridão da noite é expulso para o alto mar e no leste do céu nasce as luzes que rasgam os nuvens.
    Uma esplêndida alvorada. O Monte Raiden (雷電山) parece demônio que caiu no mar por engano, está mostrando somente o seu musculoso ombro direito por cima das ondas.
    As nuvens de tempestade – que parecem fogos roxos da caldeira - apressadas em ir embora, ora acariciam e ora batem violentamente o pico do Monte Raiden e coloram até neves acumuladas do sopé em cor púrpula transparente.    
    Mas, como os ventos são tão gélidos, em contraste com as luzes quentes da madrugada! A Terra que ficou congelada durante longa noite, deve estar fazendo suas ultimas respirações, a mais geladas antes de sol nascer.

Inverno do Hokkaido 北海道の冬
北海道の冬


    Eu, jamais poderei esquecer de você. Dentro do barco pesqueiro distante que parece tão pequeno como folha flutuando no mar, você deve estar preparando as linhas de palangre e olhando este magnífico e solene início do dia.
    Seu pai deve estar sentado de pernas cruzadas em frente a leme, olhando para o barômetro (*indica mudança de tempo) e pensando como seria tempo hoje. É uma época que o tempo pode mudar repentinamente, portanto, o comandante do barco sempre tem que ficar atento.
    Os olhos aguçados do velho pescador que parece que nasceu no mar, não iria deixar passar despercebido, nem mesmo um pequeno sinal de mudança de tempo, como o de um pedaço de nuvem. Entretanto, aparentemenete o velho estava calmo.
    Seu irmão, estaria esfregando as mãos que estão congeladas de frio no seu avental para tentar aquecer, mas segurava firmemente a corda de vela e manejava agilmente conforme direção do vento. Os dois pescadores empregados estariam muito ocupados, colocando as iscas nas linhas de palangre.
    Olhando para o mar, os barcos que partiram do porto, cada um está seguindo para direção desejada, se espalham. Dentro de cada barco, os comandantes e pescadores estão fazendo os mesmos trabalhos que vocês estão fazendo.  
    Quando finalmente a noite vai embora e chega manhã, a direção do vento muda - durante a noite soprava do alto mar e quando chega o dia sopra da terra - o mar se acalma por algum tempo e a corrente marítima também muda. Vocês pescadores, só de a ver cor da água conseguem detectar a direção da correnteza.
    A vela é abaixada mas os barco continua deslisando sobre a água devido a inércia e muda de direção para a direita ou para a esquerda através de leme e inclina a cada manobra. Ao mesmo tempo, as linhas de palangre com boias amarradas são atitados no mar. Cada linha de palangre tem aproximadamente 3 mil metros de comprimento e para terminar de colocar toda linha, mesmo começando de manhã, leva até quase meio dia para terminar o trabalho. O barco, agora é remado e navega lentamente descarregando as linhas de palangre. A água do mar é mais pesados devido ao frio. É tão pesado quanto o óleo congelado e puxa as linhas de palangre com iscas para o fundo da água, de cor anil índico.

    O céu está límpido e as luzes do sol que refletiam no mar desenhando figuras parecidas com as flores luminosas. Mas de repente nuvens começam a cobrir o céu e começa cair granizos e a superfície do mar fica espumado. Os barcos ficam separados por véu azul esbranquiçado parecido com a cola fina.  Em volta de você caem monte de grãos de gelo pequenos e batem no barco soltando barulhos secos. Mas você não liga muito, só se inclina pouco o seu rosto para que os granizos não acertem sua cara e continua calmamente o trabalho de soltar a linha de palangre no mar.
     Logo parou de cair granizo, as nuvens se dissipam e o céu volta a abrir. Os barcos, cada um para si, continuam prosseguindo seus trabalhos no mar de cor azul profundo.
    O tempo muda o seu humor várias vezes por dia. Quando fica mau humorado, traz as chuvas e os granizos, e na medida que o sol vai-se inclinando para oeste, a frequência de manifestar o mau humor também aumenta. 
    Os pescadores não se preocupam muito com a mudança de temperatura, se faz frio ou calor, pois de qualquer jeito têm que trabalhar. Mas quando se trata de vento congelante, até mesmo os pescadores valentes ficam aflitos. Os cinco pescadores, assim que terminam de colocar todas as linhas de palangre, correm tremendo de frio para local do leme, onde está instalado forno portátil acesa. Ficam em volta para aquecerem com o fogo e começam a comer os bolinhos de arroz que trouxeram no ohitsu (*pote de arroz feito de banbú) .
    Os barcos que saíram agrupados do porto, a esta altura estão todos bem distantes um do outro, balançando entre ondas como folhas flutuando no ma­r. A terra fica mais de 10 quilometros de distância, e de onde os barcos estão só enxergam morros altos e montanhas altos acima do horizonte. As neves acumuladas nas montanhas brilham em cor de prata, mas nas sombras onde as luzes não iluminam estão escuras, de cor de chumbo, mostrando assim perfis agudas.
    Os pescadores enchendo a boca com arroz e conversam sobre a pesca de hoje, palpite de quantos peixes vão conseguir pegar, etc. Mesmo nessa hora, você sentiria que é diferente dos seus colegas pescadores. Mesmo remando e manobrando o mesmo barco, você sentie que é um estranho no meio deles. Há uma grande distância entre seu sentimento e os deles e isso te faz triste. Você tenta inutilmente, inúmeras vezes, esmagar seu sentimento de apego sobre a arte, mas esse esforço torna-se em vão, não consegue esmagar.


ニシン漁に使われた大和船(左) と ご飯を保 存する おひつ(右)
Barco utilizado para pesaca de arenque e ohitsu para armazenar arroz cozido (foto à esquerda)
 
ニシン漁に使われた大和船      おひつの画像



    Numa época em que poucas pessoas aventuram em se tornar um piloto de avião, que é considerado uma profissão somente para corajosos e aventureiros, que caso morresse em um acidente ou queda de avião, seria considerado como um herói, todo mundo lamentaria a perda e que a família dele receberia uma boa indenização e respeito de todos. Em comparação, a  vida dos pescadores, sinceramente, é extremamente difícil, pois diariamente têm que arriscar as suas vidas no trabalho tão árduo, mesmo que faça chuva ou sol, comendo arroz que parece que cozinhou com a chama da sua própria vida. Nessa profissão não vê nada parecido com “aventura”, é um trabalho que muitas vezes colocam suas vidas à mercê da sorte, por isso pode-se dizer que a vida deles são respeitável e solene.
    Vida humilde, mas sem outras escolhas, têm que continuar a viver sofrendo, sem orgulho, sem pretensão, sem lamentação, apenas aceitam a realidade com coragem, paciência, obediência e conformismo parecido com a de boi preso no jugo (*peça de madeira para atrelar bois a carroça ou arado) .  Quando você vê essas coisas, sente seu coração apertar, pois percebe como é belo e frágil o destino do ser humano.
    E quando você pensa nessas coisas, certamente você estaria relembrando de trágico naufrágio do barco. Mesmo comendo bolinho de arroz com seus colegas pescadores, o seu pensamento fica distante da conversa, você fica quieto e o pensamento voa para passado. 
   Você pensa nessas coisas e relembra do perigo que passou no barco. Você está comendo bolinho de arroz junto com outros, mas o seu pensamento fica distante da conversa, fica quieto e o reflexão do passado vem à tona.

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 船画像


 

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