O Restaurante de Muitos Pedidos
Parte
1
Dois jovens cavalheiros
andavam num caminho estreito no meio da montanha. Eles estavam com traje
bem parecido com soldados inglêses e carregavam nos seus ombros
espingardas novas brilhando e acompanhados de dois cãos gigantes que
pareciam ursos polares. Pisando nas folhas secas do chão, eles
estavam conversando. - Mas que ráio de montanha é essa? Não vejo
nenhuma ave, nem um animal! Não importa, o que apareça,
quero atirar logo com a espingarda! O outo também disse: - Ah!
Como seria gostoso se poder acertar uns tiros, bem no
meio de um veado! O veado giraria algumas vezes e cairia
no chão! Já estavam bem no interior da floresta e até o guia - um
caçador profissional que tinha o contratado - ficou meio perdido e havia
desaparecido já algumas horas e ainda não havia aparecido. De
tão assustador que era a floresta, os dois cães que pareciam ursos
polares, começaram passar mal e depois de uivar por alguns minutos
morreram soltando espuma das bocas. - Caramba! Eu tive um prejuízo de
2400 ienes! Lamentou um dos cavalheiros, levantando as pálpebras do
seu cão caído no chão. - O meu foi de 2800 ienes! Disse o outro
inconformado, olhando para seu cão que já estava imóvel. O primeiro
cavalheiro disse ao outro com o rosto meio pálido. - Estou pensando em
ir embora... - Eu concordo. Já estou começando a sentir um pouco
de frio e também estou ficando com fome. - Então, vamos parar a caçada
por aqui. Depois a gente compra alguns faisões por 10 ienes no hotel que
nos hospedamos ontem e retornaremos para casa. - É uma boa idéia. Lá
acho que estava vendendo também os lebres. Então, vamos dar meia volta e
retornaremos! Mas logo surgiu um problema, pois não tinham a
menor idéia de qual caminho seguir para
voltar.
Parte
2
O vento soprava forte,
os capins susurravam, as folhas caídas do chão faziam sons secas e as
árvores balançavam os seus galhos sem parar. - Estou ficando
faminto! Estou começando a sentir também uma dor np flanco! -
Eu também. Não aguento mais andar! - Eu não quero andar mais. Que
situação que nós estamos! Ah, como queria comer! - Eu também quero
comer. Os dois cavalheiros resmungavam em meio aos sons da grama de
pampa balançando com o vento. Neste momento, ao olhar para
trás, avistaram uma belíssima casa estilo ocidental. E na entrada do
restaurante, havia uma placa escrito:
Restaurante de Comida
Ocidental GATO DO MATO
- Olhe! Achamos
na hora certa! Ate' que este lugar é desenvolvido. Vamos entrar. - Mas
é meio estranho ter um restaurante neste lugar, não é ? Mas
acho que eles podem-nos servir algo para comer. - É claro que
sim. Está bem escrito na placa! - Então vamos entrar logo. Estou
com tanta fome que estou quase desmaiando... Os dois chegaram na
entrada do restaurante. A entrada era decorado com azulejos brancos e
e tijolos e estava impecavel. A porta de entrada era de vidro e
estava escrito em letras douradas nela:
"Todos são bem
vindos. Entrem sem receio"
Animados os dois conversaram: - Olhe como
o mundo é maravilhoso! Hoje foi um dia difícil, mas está acontecendo
coisas boas também. Este restaurante deve nos oferecer banquete de graça!
- Acho que é isso mesmo, pois está escrito "Entrem sem receio" na
porta. Os dois empurraram a porta e entraram no restaurante. Alí, eles
viram um corredor. E ao fechar a porta, eles viram algo escrito com letras
em dourado na parte de trás da porta de vidro que acabaram de passar:
"Nós damos boas vindas,
principalmente às pessoas gordas e jovens"
Ambos se alegraram ainda mais ao lê-lo.
- Olhe, nós seremos bem recebidos! - Pois é. Porque nós dois
enquadramos justamente nessas categorias! Os dois foram avançando pelo
corredor e no final dele encontraram uma outra porta, desta
vez pintada de azul claro. - Que restaurante estranho. Por que há
tantas portas? - Acho que se trata de um restaurante de estilo russo.
Em lugares frios e nas regiões montanhosas são todos assim. E então,
quando estavam prestes a abrir a porta, os dois viram uma mensagem
escrito em letras amarelas acima da porta:
"Este restaurante têm
muitos pedidos, portanto, solicitamos a sua
compreensão"
- Puxa, está vendo isso? Esse
restaurante deve ser bem famoso, apesar de ficar no meio das
montanhas! - Tem razão, pois, mesmo em Tóquio, há poucas restaurantes
luxuosos como esta nas avenidas famosas. Abriram a porta, entraram
e fecharam a porta. Aí eles viram de novo outra mensagem por trás da porta
que entraram:
"Mais uma vez solicitamos a
sua compreensão, pois temos muitos
pedidos"
- O que isso quer dizer afinal?
Disse um dos cavalheiros, fazendo uma careta. - Já sei. Eles estão
pedindo desculpa antecipadamente, pois podem demorar um
pouco para servir prato aos clientes pedidos. - Ah, deve ser
isso mesmo. Vamos entrar logo na sala. - Sim, quero sentar logo
numa mesa.
Parte
3
Mas que
estranho, pois havia uma outra porta no fim do corredor, e ao lado da
porta tinha um espelho. E abaixo do espelho havia uma mesinha
com uma escova de cabo comprido sobre ela. E na porta estava
escrito seguintes recomendações em letras
vermelhas.
"Senhores clientes, favor arrumar os cabelos e
limpar os sapatos neste local"
- Tem razão, pois confesso que na entrada do restaurante, eu
menosprezei este restaurante por ficar no meio das montanhas. - Pelo
jeito, é um restaurante rígido em etiquetas. Devem ser
frequentado por gente importante. Os dois pentearam bem os
cabelos e limparam as botas de couro. Mas então, no instante que
colocaram a escova de volta na mesinha, ela foi se desaparecendo e ao
mesmo tempo um vento frio invadiu a sala. Os dois
ficaram pasmo. Mas tomaram coragem e juntos abriram a porta e
entraram na próxima sala. Eles queriam logo algo quente para comer e
recuperar as forças, caso contrário, eles presentiram, que as coisas
poderiam piorar. Mas quando viram a porta que acabara de fechar, mais
uma vez viram dizeres, até meio estranho, na parte de trás da
porta.
"Favor deixar as espingardas e as balas
aqui"
Ao lado da porta havia uma mesa comprida de
côr preta. - Tem razão! Não há como jantar carregando uma
espingarda. - Uau, deve ter muitos clientes importantes frequentando
aqui mesmo! Os dois tiraram as espingardas dos ombros, soltaram a cinto
de balas e colocaram tudo sobre mesinha preta. Mas diante deles
havia mais uma porta, essa vez pintada de preta e com seguintes dizeres.
"Por favor, tirem os chapéus, os casacos, e os
sapatos"
- Será que é melhor
tirar? - Não tem jeito, vamos tirar. Agora tenho certeza que deve
ter um clienete muito especial na sala dos fundos. Os dois
penduraram os chapéus, os casacos e tiraram as botas de couro. E descalços
entraram pela porta
preta.
Parte 4
Ao entrarem na nova sala, depararam com novo pedido atrás da
porta preta:
"Coloquem aqui o prendedor de gravata, as
abotoadeiras, os óculos, a carteira e objetos metálicos, principalmente os
que têm ponta afiada"
E ao lado da porta havia um
lindo cofre preto com porta já aberta, pronto para ser colocado os
objetos. Havia inclusive uma chave. - Ah, acho que o cozinheiro daqui
deve utilizar panela elétrico ou algo similar nos preparos das
comidas. Os metais conduzem a eletricidade, portanto é
perigoso carregarrmos, principalmente os pontudos. - Deve ser isso
mesmo. Então será que a conta será pago nesta sala na volta? - É o que
parece. - Deve ser isso mesmo! Os dois tiraram os óculos, as
abotoadeiras e outros objetos de metais que carregavam e colocaram no
cofre e trancaram com a chave. Andando mais um pouco, havia uma outra
porta em diante. E na frente da porta tinha um pote de vidro. Na porta
estava escrito a seguinte frase:
"Favor passar o creme deste pote no rosto, às mãos
e aos pés"
Olharam dentro do pote
e viram que estava cheio de creme de leite. - Para que
precisamos passar este creme? - Isto, com certeza, é por causa do frio
excessivo que faz lá fora. Se dentro da sala estiver muito quente,
vamos ficar com rachaduras no rosto e nas mãos e nos pés
devido ao choque térmico. Este creme deve ser para prevenir
isso. Não há dúvida de que lá nos fundos há alguém muito importante mesmo.
Pode ser que nós conheçamos algum nobres hoje. Os dois
passaram o creme nos rostos, nas mãos e tiraram as meias e passaram nos
pés também. O creme que sobrou no pote, lamberam fingindo passar
no rosto. E apressadamente abriram a porta e entraram. Atrás da
porta havia um novo pedido:
"Passaram o direito o creme? Não esqueceram de
passar nas orelhas?"
E havia um
pequeno pote com creme. - Sim, tem razão. Eu esqueci de passar nas
minhas orelhas. Por pouco ficaria com as rachaduras nas minhas orelhas. O
dono deste lugar é muito atencioso! - Pois é, ele é muito detalhista
mesmo. Mas eu quero comer alguma coisa logo. Mas o corredor parece que
ainda continua...
Parte 5
No
fim do corredor havia uma porta e nela estava
escrito.
"O prato estará
pronto logo. Não levará nem 15
minutos. Será servido logo.
Porisso, por favor, passe logo o perfume da garrafa no seu
corpo."
Em frente a porta havia uma garrafa
dourada brilhando. Os dois passaram perfume na cabeça. Entretanto,
eles perceberam que o tal de perfume tinha um cheiro parecido com
vinagre. - Ué... Porque este perfume tem cheiro parecido com o
vinagre? - Deve ser engano deles. Vai ver que a empregada pegou
uma gripe e colocou vinagre no lugar de perfume. Os dois abriram a
porta e entraram. Por trás da porta havia uma outra mensagem escrita
com letras bem grandes:
"Pedimos desculpas pelos muitos
pedidos. Sentimos muito pelo incômodo, mas esse será o
ultimo. Por favor, peguem o sal que
está dentro do pote e esfreguem bem
no corpo!"
Os dois viram um lindo
pote de cerâmica azul na frente, mas desta vez, os dois ficaram muito
assustados e um olhou para o cara do outro que estava cheio de creme de
leite. - Isto é... muito... estranho... - Eu... também...
acho... - Esses montes de pedidos..., na verdade..., são eles que
fizeram para nós... - Mas, então..., acho que este restaurante
ocidental não servem prato de comida para os clientes..., e sim,
fazem os cliente de prato estilo ocidental para se
servem... - Isto quer dizer q... q... que
n... n... nós seremos.... - Então, será n... n...
nós que... caramba! Os
dois começaram a tremer de medo e não conseguiam falar mais
nada. - Vamos fu... fugir... Tremendo de
medo, um cavalheiro tentou abrir a porta da qual entraram. Mas a
porta nem se mexia!
Parte 6
No
fundo da sala havia uma outra porta e nela havia dois grandes orifícios
para chave e também havia docorações na porta com formato que
imitavam um garfo e uma faca prateados, onde estavam
escritos:
"Agradecemos pelo trabalho" "Vocês
fizeram tudo certo!" "Venham,
venham, entrem por favor!"
Para piorar, dos
orifícios das fechaduras enxergavam dois olhos azuis mexendo
e observando eles. - Ihiii, estamos perdidos! - Meu Deus!
Os dois começaram a chorar. Do lado de dentro da porta, ouvia-se
vozes sussurrando: - Não está dando certo! Eles já perceberam. Veja,
nem estão esfregando o sal. - Mas é claro! O nosso chefe não
sabe escrever as instruções direito. Não devia escrever "Pedimos
desculpas pelos vários pedidos. Sentimos muito pelo incomodo".
Aquilo foi burrice total! - Para mim tanto faz! Pois nosso chefe não
vai nós dar nem pedacinho de osso mesmo! - Isso é verdade. Mas se
eles não entrarem aqui, serão nós que levamos bronca do chefe! -
Então, vamos chamá-los. -Ei, senhores, por favor,
venham, venham logo aqui e entrem. Os pratos estão limpinhos e a
salada está bem temperada. Agora só falta colocar voces no
prato e fazer um belo arranjo com as verduras. - Venham, venham.
Não gostam de salada? Se for isso o problema, podemos acender o fogo
e fritá-los. O importante é vir logo! Os rostos dos dois cavalheiros,
de tanto medo, ficaram brancos e enrugados como um papel
amassado. Eles continuavam
tremendo, entreolhavam e choravam silenciosamente,
pois já não tinham mais força para soltar a voz. De
dentro da porta ouviu-se um riso sarcástico dizendo: - Venham, venham
logo. E parem de chorar, senão o creme do rosto poderá
cair com as lágrimas. - Sim, chefe, já estamos levando o seu
prato! - Venham logo, o nosso chefe já está esperando na mesa
com guardanapo, garfo e faca, lambendo até seus
lábios.
Parte
7
Os dois choravam, choravam e choravam. Mas, de repente,
ouviram-se: - Bau Bau Bau! E
viram dois cães gigantes que parecem ursos polares arrebentarem a
porta e entrarem com toda força dentro da sala. No memento
seguinte, os olhos azuis que se enxergavam dos orifícios da porta do fundo
sumiram. Os cães uivando circulavam dentro da sala cheirando chão, mas
mais uma vez latiram alto "Bau!" e
avançaram com tudo na porta dos fundos. A porta foi arrebantada e os
cãos foram correndo ais para fundo. Lá no
escuridão da sala dos fundos ouvia-se: - Miaaauu... Gwaaauu...
Depois ouviram barulho de
alguma coisa se afastando bem depressa da sala dos
fundos. Em seguida, num piscar
de olho, a sala e o restaurante desapareceram e os dois cavalheiros
se viram quase pelados, com creme de leite nos rostos e tremendo
de frio, no meio do campo cheia de capim. Os dois olharam à
sua volta e viram que as suas roupas, sapatos, espingardas e outros
objetos deles estavam ou pendulados nos galhos das árvores, ou espalhados
no chão por aí por alí. O vento soprava forte, os capins
susurravam, as folhas caídas do chão faziam sons secas e as árvores
balançavam os seus galhos sem parar. Os dois cães gigantes
voltaram para perto deles ainda uivando. E por trás dos cães ouviram
alguém chamado: - Senhores, senhores! Onde estão senhores?! Era
guia deles que veio seguindo os cães. Os dois de repente se animaram e
responderam gritando: - Ei, ei, aqui! Venha logo,
estamos aqui! O guia que é um caçador profissional
da montanha apareceu do meio dos arbustos, com capa de palha na
costa. Os dois cavalheiros sentiram aliviados ao avistar ele. E
então eles comeram os dangos (bolinho feito de farinha de arroz) que o
guia trouxera e retornaram para hotel. Alí, eles compraram 10 ienes de
faisões e voltaram para Tóquio. Mas, o rosto dos dois que tinha ficado
branco e enrrugado como um papel amassado, jamais voltaram a ser como
era antes, mesmo tomando várias vezes o banho de água
quente.
Fim
Esta é uma tradução da obra
"Tyuumon no Ooi Ryouriten" do escritor japonês Kenji Miyazawa
(1896-1933), feita por alunos do Curso de Formação de Tradutores da Escola
Modelo de Língua Japonesa de Mogi das Cruzes. A obra original em japonês
poderá ser encontrada aqui.
Alunos
que colaboraram na tradução: Bruna Eimy Sinowara, Edy Daigen
Nakamura, Michael Maciel Freitas, Sonia Satie Hino
Coordenação e
Revisão feito por: Kenji Ogawa
Mogi das Cruzes, 1 de março de 2014
Site
Oficial da Escola Modelo de Lingua Japonesa de Mogi das Cruzes
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