Capítulo 6
VULCÃO
SAMMUTORI
No dia seguinte, após chegarem à cidade
de
Sanmutori, os dois escalaram o
vulcão Sanmuroti quase até o topo, onde havia
uma cabana – era uma
estação de
observação -
com as máquinas e equipamentos
para as medições.
O local que a cabana se
encontrava era onde a borda externa da antiga cratera do
vulcão estava desmoronado em
direção ao mar.
Olhando pela janela da
cabana, o mar enxergava como várias
listas azuis e cinzas e no meio destas listas os navios atravessavam
soltando fumaças pretas e deixando rastros cor de prata para trás.
O engenheiro Pennen
analisou sem falar nada os dados
coletados pelos equipamentos de medições e disse a
Budori:
- Em
quantos dias você acha que este vulcão irá entrar em
erupção?
- Acredito que não levará
nem
um mês.
- Eu acho que
não
levará nem 10
dias. Temos
que agir depressa, se
não será tarde demais. Eu acho
que essa parte voltada para o mar
é
mais frágil.
E ele
apontou o seu
dedo para campina situada na na parte
superior de uma vale que
se localizava na encosta do vulcão Sammutori. Uma nuvem passava por cima dessa campina e cobria com sua
sombra.
-
Naquele local,
só há duas camadas de
lavas. O resto é camada
de cinza vulcânica e
rochas. Além disso, para
chegarmos até lá, podemos
aproveitar
estrada existente que segue até uma fazenda,
o que facilitará muito o nosso trabalho para transportar os equipamentos. Eu
vou solicitar imediatamente o
equipe de trabalho.
O engenheiro Pennem
começou enviar
mensagem para o Departamento de Vulcanologia de Ihatov. Nessa hora,
ouviram-se um ruído parecido com murmúrio debaixo do solo e a estação
de observação começou a se sacudiu fazendo rangido na sua estrutura.
Pennem levantou-se da cadeira
em frente do rádio transmissor e disse a
Budori:
- O Departamento me respondeu que vão nos
mandar imediatamente um equipe de trabalho. Bem, a gente está falando que é
equipe de trabalho, mas na verdade é quase um “esquadrão suicida”. Te
confesso que até hoje nunca passei por uma situação tão perigosa como
essa!
- Será que conseguirão terminar
o trabalho dentro de 10 dias?
- Tenho certeza que
conseguirão. Levarão 3 dias para a
instalação dos equipamentos e mais 5 dias para puxar os fios elétricos da
usina elétrica da cidade de Sanmutori até o local que
será explodida.
O engenheiro Pennem ficou calculando contando com seus dedos e
depois parece que se sentiu aliviado e disse ao Budori com aquele seu jeito
calmo dele de sempre.
- Bem, Sr. Budori, vamos
ferver a água e tomar chá. Não
há como não apreciar essa linda paisagem tomando uma xícara de chá
gostoso!
Budori acendeu fog
ãozinho de alcool que trouxe e começou esquentar a água.
No céu começou surgir nuvens e parece que o sol já se
pôs, o mar mudou sua cor para cor de cinza e as ondas
brancas começaram bater no sopé do vulcão.
A o olhar pela janela, Budori
viu aquele dirig
ível estranho que vira outro dia na escola da cidade de Ihatov
estava aproximado. O engenheiro Pennen deu um salto e disse:
- Olha, o Dr Kubo
está chegando!
E ele saiu da cabana para receber o Dr.Kubo.
Budori seguiu atrás e saiu para fora também. O dirigível já havia chegado em cima de uma grande rocha que ficava próximo a cabana e o
Dr. Kubo que tem estatura alta, pulou do seu dirigível para cima da rocha e ficou procurando
uma fenda na rocha para prender o dirigível. Logo consegui achar fenda
, prendeu seu dirigível e desceu da rocha e apareceu
na frente de dois.
- Olá, amigos, vim
tomar chá! Como é, está sacudindo
muito?
Disse Dr.Kubo, sorrindo. O engenheiro Pennen
respondeu:
- Ainda não
está sacudindo muito não. Mas está caindo muitas pedras de
cima.
Justo nessa hora, o vulcão parece que se enfureceu repentinamente e começou fazer ruído. Budori se sentiu que tudo ficou azul por momento, mas era
uma ilusão instantânea.
O vulcão continuou tremendo, Dr. Kubo e o engenheiro Pennen
ficaram agachados e se apoiavam na rocha. Até mesmo o dirigível do Dr.
Kubo balançava como se estivesse balançando sobre ondas grandes no
mar.
Quando o tremor da terra
parou, Dr. Kubo se levantou e rápidamente entrou na estação de
observação. Dentro da cabana, as xícaras de chá haviam caídos e o fogão de
alcool continuava com chama azul acesa.
Dr. Kubo verificou
minuciosamente todos os equipamentos, depois se dirigiu para engenheiro
Pennen e ficou conversando sobre a situação do vulcão. No final da
conversa ele disse:
- Temos que terminar de
construir todas as usinas maremotrizes no pr óximo ano. Se conseguirmos,
mesmo que aconteça no futuro o que está
acontecendo aqui, poderemos iniciar rápidamente o nosso trabalho de atenuação da erupção do
vulcão e também poderemos fazer chover fertilizantes do céu,
que traria grandes benefícios para as plantações dos campos pantanosos que
o Sr. Budori nos contou, que o pessoal da lavoura estão enfrentando problemas
sérios.
O engenheiro Pennen acrescentou:
- Se conseguirmos concluir as construções das usinas
maremotrizes, ninguém jamais terão de temer das secas no
futuro.
Ao ouvir estas palavras, Budori sentiu uma grande
emo ção no seu coração e achou que até o
vulcão balançava junto para compatilhar a emoção dele. Na verdade, justo
nesse instante houve uma outra sacudida forte e Budori havia sido jogado no chão.
O Dr. Kubo disse:
- Opa,
essa sacudiu bem! Esse deve ter sentido até na cidade de
Sammutori!
Engenheiro Pennnen disse:
- O epicentro desse tremor
deve ser localizar aproximadamente
1Km ao norte daqui, à 700 metros de profundidade. Acho que deve
ter caído uma enorme rocha que tem 60 a 70 vezes o temanho dessa
cabana no meio lava. Entretanto, para que o gás vulcanico rompa a ultima camada
de rocha do vulcão para explodir, o vulcão deve engolir pelo menos 100
ou 200 rochas enormes desse porte.
O Dr. Kubo ficou
pensando por um tempo e disse:
- Bom, acho que eu vou
indo. Até breve, amigos!
Ele saiu da cabana,
subiu na rocha onde havia parado seu dirigível, subiu
nele e já saiu
voando.
O engenheiro Pennen e Budori ficaram
olhando o Dr.Kubo despedindo deles balançando a
lanterna de cima do dirigível. O dirigível
rápidamente desapareceu por trás do cume do vulcão e
sumiu da vista.
Depois voltaram para cabana e continuaram o trabalho
de observação das atividades do vulcão e descansaram revesando.
N o dia seguinte, quando amanheceu e chegou o equipe de
trabalho no sopé
do vulcão, Pennen deixou Budori na estação de observação e desceu até a
campina que havia mostrado ontem para Budori.
Quando o vento vinha da
direção do sopé para pico, poderia até escutar as vozes dos homens e os
barulhos dos materiais sendo descarregados dos caminhões, como se
etivessem acontecendo bem próximo.
O engenheiro Pennen informava
constantemente a Budori, sobre o andamento do trabalho que
está sendo feito e
perguntava para Budori a situação do vulcão, que estava sendo
acompanhada pela medição de emissão de gases e mudança na forma do
vulcão.
A
partir deste dia, por durante 3 dias, ningu ém teve sequer um instante de
descanso, nem tempo para dormir, todos trabalharam ininterruptamente em meio
a frequente tremor e ruído do vulcão. E no quarto dia, logo de manhã,
Budori recebeu comunicado do Pennen.
- Sr. Budori, aqui está tudo pronto. Pegue suas coisas e desça logo.
Mas antes, dê uma ultima olhada nos equipamentos de medição e não
esqueça de trazer todos registros. Pois essa cabana irá desaparecer
hoje à tarde!
Budori
seguiu as instruções do Pennen, desceu vulcão e foi
ao encontro com o Pennen e equipe na campina.
No local havia
sido construido uma torre de ferro. Esses materiais eram aqueles que
Budori vira no depósito
do Departamento de Vulcanologia em Ihatov.
Junto com a torre,
todos os equipamentos já estavam instalados e pronto para ser acionados.
O engenheiro Pennen parecia
estar muito exausto. Os homens da equipe também estavam todos com rosto meio pálido e
deu para perceber que estavam muito tensos e cansados. Mesmo
assim, ao verem Budori, eles cumprimentaram com sorrisos.
Pennen viu Budori se aproximando e
disse:
- Oh, você
chegou! Então, vamos bater em retirada. Pessoal, se aprontem e subam
no carro!
Toda equipe, rápidamente entraram nos 20 carros.
O comboio saiu correndo velozmente em direção a cidade de
Sammutori.
Quando o comboio chegou num ponto que
ficava à
meia distancia entre
vulcão e cidade de Sammutori, Pennnen
mandou parar o comboio e ordenou:
- Vamos montar as tendas aqui
e descansar!
Todos estavam muito exaustos, sem dizer uma
palavra seguiram a ordem
do engenheiro Pennen, montaram
tendas e dormiram.
À tarde do mesmo dia, o engenheiro que
estava conversando com alguém
com rádio transmissor, largou o
rádio na mesa e
disse:
- Pessoal, o fio
elétrico foi intalado e ligado!
E olhou para Budori e falou:
-
Sr. Budori, vamos detonar!
O engenheiro Pennen apertou o
botão do detonador de
controle à
distância. Todos saíram das tendas e ficaram olhando para a encosta do vulcão
Sammutori.
O campo estava cheia
de lírios brancos e no horizonte
desse lindo
campo, avistava
o vulcão Sammutori.
De repente, o
lado direito da base do vulcão
balançou, soltou uma fumaça preta que
logo foi subindo para o céu e foi se espalhando,
criando forma de um cogumelo.
E do local que houve a
explosão, começou
correr lavas douradas, que na medida que foi descendo a encosta foi
se abrindo como um leque e foi se despejando no mar.
Logo escutaram enorme
estrondo da explosão. O
impacto foi tão forte que sacudiu o campo de lírios brancos como
ondas do mar e quase derrubaram os homens que estavam olhando o
vulcão. Em seguida soprou um vento.
-
Conseguimos!
- Deu
certo!
Todos gritaram apontando para a
explosão causada por explosivos que eles intalaram.
A essa
hora, a coluna de fumaça do vulcão Sammutori estava se espalhando rápidamente pelo céu
escurecendo-o. Logo, começou cair monte de pedriscos quentes em todos
lugares. Todos ficaram observando esse cenário de dentro da tenda.
O engenheiro Pennen olhou para seu
relógio e disse:
- Sr. Budori, deu tudo
certo. Não haverá mais
perigo para a cidade de Sammutori.
Acho que só cairá pouco de cinzas
vulcanicas.
Os periscos que estavam caindo
começou diminuir e agora só estava caindo as cinzas, mas este também foi
diminuindo com passar do
tempo.
Quando
constataram que não há
mais risco, todos saíram para fora da tenda. Parecia que campo inteiro foi
pintado de cinza. O chão estava coberto de cinzas vulcanicas de mais de um
polegada de espessura. As flores de lírios foram todas derrubadas e estavam completamente
cobertas de cinzas. A cor do céu tinha se mudado para um verde
estranho.
No sopé do vulcão Sammutori foi criando uma pequena elevação e
a coluna de
fumaça
saía daí.
Antes de anoitecer, a equipe escalou de novo no vulcão, pisando nas cinzas e pedriscos e
instalaram de novo os equipamentos de medição e
retornaram para
cidade.
Nota: *1 macarrão japonês feito a base de farinha de trigo
serraceno.
Esta é uma tradução da obra "Gusko Budori
no Denki(グスコーブドリの伝記)" do escritor japonês Kenji Miyazawa
(1896-1933), feita por alunos do Curso de Formação de Tradutores da
Escola Modelo de Língua Japonesa de Mogi das Cruzes. A obra original
em japonês poderá ser lida aqui.
Alunos que colaboraram na
tradução: Bruna Eimy Sinowara, Paula Tahara
Pereira, Rafael Yukio Matsui
Coordenação e Revisão feita por: Prof. Kenji
Ogawa
Mogi das Cruzes, 10 de abril
de 2015
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